Boa Tarde,
A nossa sociedade cada vez mais promove o individualismo em detrimento da vida comunitária, mesmo da vida familiar. A proliferação de computadores e televisões em cada casa veio reinforçar mais a faceta individualista já presente em todos os adolescêntes. Tenho um filho com 13 anos que está em plena "adolescência", com tudo a que tem direito! O seu quarto, o seu espaço e a sua música. Como família todos temos as nossas obrigações comuns e procuramos que as crianças cresçam com a ideia que a cooperação de todas é necessário para a coesão familiar, e para a casa funcionar. Somos uma equipa.
A minha pergunta é se consideram possível um adolescente participar nas actividades familiares, aqui incluo lúdicas e obrigações de cada um, como arrumar o quarto, participar no dia a dia da casa, sem ser sempre como uma obrigação, mas sentir que está a participar na vida da família, e que a sua cooperação é positiva e necessária para o bom ambiente familiar.
Obrigada.
Teresa Washington Dc
Cara Teresa,
Antes de mais muito obrigado pela confiança depositada no Consultório de Educação. Relativamente à questão que nos coloca, de facto, a adolescência é uma fase do desenvolvimento muito complexa. Trata-se duma fase de transição, onde a passagem do mundo infantil para o do adulto se pode dar duma forma mais ou menos turbulenta, consoante cada caso. É uma fase onde, por várias razões, as competências, as necessidades, as projecções, as maturidades físicas e intelectuais nem sempre andam sincronizadas umas com as outras.
Como se sabe, é um período que envolve descobertas dos limites pessoais, de experiências sensoriais e intelectuais, e que por isso mesmo carecem de um acompanhamento parte dos pais que seja orientador e regulador, mas também gratificador e securizante. Encontrar este equilíbrio sozinho pode não ser fácil. Um adolescente precisa dum adulto para encontrar o seu equilíbrio e a sua autoconfiança. A oportunidade dada pelos pais em fazerem tarefas que não são divertidas no imediato, mas que são necessárias na forma de como é viver em família, vão trazer mais tarde personalidades mais maduras e adaptadas.
São muito importantes os modelos de referência que cada adolescente encontra em casa. Quanto mais coerência e consistência encontrarem, mais fácil será a sua vida porque mais seguros se vão sentir em alturas de maior dúvida.
A reacção por parte dos adolescentes em forma de resistência é normal e muito comum, nem que seja porque o que é bom é fazerem-se coisas que dêem prazer. Ao mesmo tempo, esta reacção com os pais pode ser um sinal de que os filhos sentem espaço suficiente à discussão e à troca de ideias. Será, portanto, um sinal de procura de autonomia e individualização. É importante, que aos poucos, os adolescentes possam sentir que são capazes de serem adultos. Procure ir encontrando as oportunidades e alturas certas para o fazer, elogiando as boas iniciativas e o facto de terem conseguido honrar os compromissos assumidos.
Implique toda a família na construção das tarefas onde cada um possa ter responsabilidades e objectivos específicos, em que embora possam ser diferentes entre si, têm objectivos comuns: trabalhar em equipa, respeitando a diferença e individualidades de cada um. Numa relação com os nossos filhos, tal como numa negociação, o sucesso só se encontra se o negócio for bom para as duas partes.
Com os melhores cumprimentos,
A equipa Let’s Grow